O Japão não tem muita informação em relação ao tema que o grupo tem desenvolvido. Como civilização antiga o Japão "cresceu" segundo uma harmonia entre a filosofia e a cultura, própria e bastante singular deste país, devido ao isolamento que esta civilização sofreu, (e que não houve praticamente investigação em relação ao tema escolhido pelo grupo), em relação às outras civilizações em estudo. Portugal teve um primeiro contacto com esta civilição nos inícios da segunda metade do séc. XVI, mais propriamente em 1543, através do P. Francisco Xavier e do movimento evangelizacional dos jesuítas no Oriente. Uma das missões mais marcantes desse movimento foi a missão Tenshō. Foi um dos pontos históricos mais marcantes na relação entre estas duas civilizações, pois em 1549, os missionários jesuítas, incluindo o P. Francisco Xavier, chegaram a Kagoshima, no sul do Japão, e encetaram a primeira missão de evangelização no Japão. Os três senhores feudais japoneses cristianizados, Otomo, Arima e Omura, delegaram uma missão cristã para ir junto do Papa em Roma, mediante os preparativos do padre Alessandro Valignani. A missão era composta por quatro jovens missionários japoneses, entre os quais figuravam Ito Mancho e Chijiwa Miguel como missionários principais, e Hara Martino e Nakaura Julian como assistentes. Todos eles tinham apenas entre treze e catorze anos. Os quatro jovens partiram da cidade de Nagasaki, no Japão, e, passando por Macau e Goa, chegaram a Lisboa em Agosto de 1584. Em Portugal, foram visitar, segundo o arquivo, a Igreja de São Roque e o Mosteiro dos Jerónimos e também outros lugares como Sintra, Évora etc.. Em Espanha, foram recebidos por Filipe II, então Filipe I de Portugal. Na sequência desta viagem, a delegação dos missionários japoneses teve, finalmente, uma audiência com o Papa Gregório X em Roma. De regresso ao Japão, partiram de Lisboa em Abril de 1586 chegando a Nagasaki em 1590. Inicialmente recorreu-se a tradutores chineses que dominavam as duas línguas para permitir uma comunicação com esta civilização. O diálogo civilizacional estabelecido entre Portugal e o Japão foi veiculado através da língua, que as missões de evangelização que os jesuítas realizaram no Oriente permitiram conhecer. Foi nesse sentido que vários sacerdotes prepararam e imprimiram no Japão (ou na China) algumas obras sobre a língua japonesa em que se destacam a gramática de João Rodrigues Tçuzzu e um pioneiro dicionário latino-português-japonês. Desde o início do séc. XX que vários estudiosos portugueses têm prestado atenção aos aspectos linguísticos, que tão importante foram nas relações luso-nipónicas. A provar isto está o facto dos portugueses terem introduzido dezenas de palavras no vocabulário japonês, pois o português teve boa aceitação em várias camadas da população japonesa, tendo em conta a importância do comércio praticado e as realizações religiosas levadas a cabo. Ao adoptarem práticas e gostos de Portugal muitos japoneses também obtiveram conhecimentos da língua portuguesa. |
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Na recente pesquisa feita à Embaixada do Japão em Portugal,os resultados que se obtiveram foram pouco frutíferos. O próprio trabalhador que nos atendeu disse que o nosso tema é um assunto que o Japão praticamente não fez divulgação ao longo do tempo. Contudo, depois de uma visualização de livros acerca de Engenharia Civil japonesa,da Arte no Japão antigo,do aproveitamento das energias enquadradas com a construção e a arte,da História do Japão, o que se pôde concluir foi que o Japão em termos de métodos antigos ligados à Física e ao seu contributo para a Física utilizavam a força humana (os escravos) e sistemas físicos muito rudimentares muitas vezes constituídos por materiais retirados directamente da Natureza,(ex.: as canas de bambú para fazer andaimes; madeira, papel - civilização que à semelhança da China,foi das civilizações mais antigas a descobri-lo,a produzi-lo e a utiliza-lo nos mais diversos campos). O que se pôde concluir também foi que o Japão no caminho evolutivo dos seus processos tecnológicos sempre enquadrou as suas construções com as energias que dispunha (a maior parte renováveis) e criando uma harmonia entre as suas edificações e a Natureza que as engloba. |
As religiões japonesas são algo difíceis de diferenciar da filosofia. Entenda-se por religião um movimento de crentes que venera algo que não consegue explicar, algo transcendental à razão humana; e filosofia uma forma de se viver, coerente com a criação de princípios pessoais; ou seja, você viver de acordo com o que acredita ser certo. Por isso, pode-se concluir então que toda religião é por princípio uma filosofia, mas nem toda filosofia é uma religião. Actualmente, no Japão, as religiões predominantes são o Xintoísmo (51,3%), o Budismo (38,3%), e outras (10,2%). O Xintoísmo é uma religião que tem por base a adoração, por parte de diferentes clãs japoneses, de vários kami. O kami de cada clã era o (normalmente mítico) ancestral fundador do clã, e depois, os demais kami eram venerados sem uma ordem hierárquica fixa. Pode-se ver logo que para além de existirem vários kami, estes eram diferentes de clã para clã. Pensa-se que tenham existido, no mínimo, mais de 8 milhões de kami. O Budismo, como hoje em dia o conhecemos, é uma religião na qual se venera uma entidade divina designada por Buda (nome pelo qual ficou conhecido Siddhartha depois de morrer e que significa O Iluminado). Contudo, o Budismo nem sempre foi uma religião, mas também uma filosofia de vida. Teve origem na Índia, cujo principal impulsionador foi Siddhartha, e ensina aos que querem dela aprender que, na vida, jamais devemos nos apegar a coisa alguma, pois quando nos prendemos às coisas sofremos, pois inevitavelmente um dia nós perderemos aquilo a que somos apegados. Por fim, entre outras religiões, situa-se também o Confucionismo. Ensinado inicialmente por Confúcio, ensinou sua filosofia (não era uma religião), da qual os preceitos básicos eram o jen (amizade) e o yi (igualdade). Na realidade, o que Confúcio pregava era uma doutrina de resignação: as pessoas deveriam ser leais e obedientes, em especial ao Imperador e a seus pais, buscando assim a harmonia do corpo. O Confucionismo foi, entretanto, corrompido de seus ideais iniciais quando, no século XII, Tchu-hi introduziu nele as preocupações metafísicas. Sendo assim, o Confucionismo deixou de ser uma filosofia para se tornar uma religião. E assim se tornou muito importante no Japão, durante a Época Tokugawa (1600 – 1868 d.C.), quando os Shoguns instituíram que esta seria a religião oficial do arquipélago. No século XVII, a escola nacionalista do Shogun Yamaga Soko (1622 – 1685 d.C.), baseada no Confucionismo, criou o Bushido, o código de honra dos samurais. |
Quanto às influências no presente, o Japão é a 3ª economia mundial mais significativa. Apesar de o seu território ser pouco constituído por minerais/metais (e ser este o principal produto importado), o desenvolvimento em vários sectores do Japão (principalmente o tecnológico e o energético) fez com que se tornasse uma economia emergente e não há relativamente muito tempo. |
Como já foi dito em cima, Portugal entra em contacto com a civilização japonesa em 1543, quando chega pela primeira vez à ilha de Tanegashima. Isto marca o início de um intercâmbio ( que durará até aos nossos dias actuais) entre duas civilizações que se influenciaram mutuamente. A nível linguístico temos do português para o japonês, por exemplo, pan (pão), koppu (copo), botan (botão), tabako (tabaco), shabon (sabão), etc; e do japonês para o português, biombo (byoobu), catana (katana), etc; como marcas linguísticas trocadas pelos dois países. Ainda houve outras influências, como a nível da culinária em que alguns novos pratos foram trazidos de Portugal para o Japão. Por exemplo, segundo alguns autores, um bolo japonês chamado “kasutera”, diz-se ter sido desenvolvido a partir do pão-de-ló português. Outro tipo de bolo japonês chamado “konpeitoo” também tem nitidamente a sua origem portuguesa, proveniente do “confeito”. Estes bolos ainda encontram-se no dia-a-dia dos japoneses. Até o prato japonês mundialmente conhecido nos dias de hoje, a “Tenpura”, também se diz encontrar a sua etimologia no termo religioso português “(Quatro) Têmporas”, indicando uma época antes da Páscoa em que é aconselhado comer pratos de peixe e legumes como o de “Tenpura”, assim evitando o consumo de carne. Existem ainda certos vestígios do intercâmbio científico-histórico entre estas duas culturas como o “Nan-ban Byoobu” (Biombo Nan-ban),por exemplo. Trata-se de um biombo, cujo desenho descreve os portugueses aquando das suas viagens ao Japão, e constitui um registo científico muito importante para conhecer as maneiras, os usos e costumes dos japoneses nessa época. Algumas peças de “Nan-ban Byoobu” estão ainda preservadas e expostas no Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa) bem como no Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto). São assim, por isso, influências que foram tão estreitamente mantidas ao longo dos tempos, que ainda hoje se preservam e se fazem sentir nos dias actuais entre Portugal e Japão. |